Educação sem Educação

Quando perguntam “o que você acha da educação no Brasil?”, costumo responder que tenho certeza que está uma lástima. E aí vem a segunda pergunta “Por que você dá aula?”, respondo que leciono porque me faz bem e me sinto feliz, apesar de ter uma carga de sessenta horas, que é fatigante e horrível para qualquer mortal.
A escola pública de hoje tem servido para ocupar os alunos como forma de entretenimento, perdendo o sentido basilar do desenvolvimento das faculdades intelectuais e morais da criança e do adolescente. Ou seja, tornou-se um depósito de seres humanos, na maioria das vezes dando pouquíssima importância se o aluno está aprendendo. Tanto é verdade que quando há uma atividade com os alunos na escola e os pais são convidados, poucos aparecem, e na entrega do boletim é pior ainda. A maioria não está nem aí com a educação dos filhos. E mais: os professores, quando entram em greve para reclamar dos salários e reivindicar melhores condições para trabalhar, são chamados de malandros.
A verdade é que muitos pais não querem tomar conta da prole, já que o mundo contemporâneo não está fácil para ninguém, uma vez que as famílias carentes do Brasil não têm opção e a escola acaba sendo a única alternativa.
Além disso, muitos professores também iludem alunos quando os mesmos estão no ensino superior, ao dizerem que “professor irá ganhar um salário digno”. Na verdade é pura utopia, pois sabemos o pouco valor que os governantes dão à classe docente.
Os especialistas educacionais, a cada governo, inventam uma nova forma de “melhorar” a educação, mas na prática nada melhora. Alunos vão para faculdade sem saber matemática, sem ler e muitos sem escrever. Então, como eles chegam à faculdade? É porque existe a “pedagogia do amor” e da autoajuda que prega que o importante é amar.
O professor é vítima desse sistema que paga mal e faz trabalhar sessenta horas por semana para ter um pouco de dignidade humana. E ainda querem que o professor tenha ânimo para lecionar, ou quando dizem que é uma missão educacional.
As bobagens que muitos teóricos e pedagogos de escrivaninha nos passam pouco ajudam.
Oxalá, um dia possamos ter uma educação pública de qualidade com profissionais valorizados e escolas bem equipadas.Sonhar não faz mal.

Aldo Antunes da Luz – OAB/SC 42.535

 


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