Os desafios da mulher advogada na sociedade contemporânea

Palestra de empoderamento foi realizada na sede da OAB Subseção de Brusque

Os desafios da mulher advogada na sociedade contemporânea

Na noite desta quarta-feira, 28 de junho, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Brusque, foi realizada a palestra “Os desafios da mulher advogada na sociedade contemporânea”. O evento foi ministrado pela presidente da Comissão Estadual da Mulher Advogada da OAB de Santa Catarina, dra. Luciane Mortati Zechini.

“O desafio contemporâneo que mais enfrentamos ainda é a discriminação. Apesar de a mulher estar no mercado de trabalho e até ocupar postos elevados, ainda ganhamos 30% a menos do que os homens. Além disso, precisamos administrar a nossa dupla, tripla e até quádrupla jornada, porque somos mães, profissionais, esposas. E, em todas estas áreas, precisamos exercer o nosso melhor papel”, afirma dra. Luciane.

Segundo ela, em Santa Catarina, as mulheres advogadas já somam 51,4% da categoria. O índice, no entanto, muito em breve vai aumentar, pois no último concurso da Ordem foram 1200 aprovados no Estado e, deste número, 70% eram mulheres. A expectativa é que com este incremento de novos profissionais, a participação da mulher no exercício do Direito em Santa Catarina atinja 60% da categoria.

“Nós temos que nos valorizar. Precisamos ser protagonistas, não apenas dentro de casa ou no escritório, mas também na Instituição que representamos. Temos que nos organizar para estar dentro da Ordem e buscar novos postos, não apenas nos Conselhos, mas nas Subseções de todo o Estado”, enfatiza dra. Luciane.

Hoje, enquanto presidente da Comissão Estadual da Mulher Advogada da OAB de Santa Catarina, dra Luciane visita várias comarcas com o propósito de difundir a importância da mulher lutar por seu espaço. “Temos que ser respeitadas. Vivemos em um Estado privilegiado, se comparado com algumas regiões do Norte e Nordeste. Mas não são raras as vezes que mulheres são vilipendiadas na sua atuação diária, seja na delegacia ou até mesmo por piadinhas e brincadeiras feitas pelos colegas”, ressalta a profissional.

Para dra. Luciane, o empoderamento é a melhor ferramenta de resistência e de luta para a construção de um futuro mais igualitário para a mulher, seja no exercício do Direito ou na própria sociedade. “O nosso propósito é plantar uma sementinha em cada mulher, na expectativa de que cresça a vontade de estar dentro da Ordem para fazer valer nossos direitos enquanto advogadas e mulheres”, completa.

 

Engajamento

A coordenadora da Comissão da Mulher Advogada da OAB Subseção de Brusque, dra. Jordana Cristina Staack Ristow, diz que o principal objetivo do evento era propor uma reflexão sobre os desafios que a mulher enfrenta no Judiciário, nas próprias relações com os clientes e na sociedade como um todo. “Queremos trabalhar o empoderamento da mulher, que sempre foi vista como uma figura mais retraída do que o homem. Esperamos que as mulheres batalhem por seu espaço junto à sociedade, no mercado de trabalho e, também, na Ordem. Nossa bandeira é ver a mulher advogada mais engajada com os projetos desenvolvidos pela Subseção”, observa dra. Jordana.

Hoje, a Comissão da Mulher Advogada da OAB Subseção de Brusque conta com 16 participantes e está sempre aberta para novos membros. Nos encontros, além da interação entre as profissionais, são discutidos assuntos relevantes que interferem na vida da mulher enquanto sociedade. Para participar do encontro basta ligar para a sede da OAB, através do telefone (47) 3355-7504 ou enviar um email para  oabsede@terra.com.br.

A Caixa de Assistência dos Advogados de Santa Catarina (CAASC), representada pela sua delegada, dra. Karin Rodrigues, também foi parceria do evento. “Hoje, o nosso meio de atuação ainda é muito masculino. A mulher tem que se impor, mostrar que tem a mesma sabedoria, a mesma inteligência e que deve ter o mesmo respeito que o homem, porque não é menos capaz do que ele”, salienta a profissional.

 

Desafios reais

Antes da palestra, as advogadas presentes conversaram sobre alguns dos desafios que enfrentam todos os dias. Para a dra. Eveline Souza Fortes, o preconceito se sobressai. “Quando o cliente chega ao escritório e vê o nome de duas advogadas, ele quer ser atendido pelo advogado. O machismo dos colegas também está presente. Algumas vezes, homens advogados querem impor autoridade por esta condição”, conta dra. Eveline.

Para a dra. Gabriela Aparecida Merízio, que há quatro anos atua na área, o início de carreira também é um desafio. “A idade parece relevante. Muitas vezes o cliente olha e pensa que sou estagiária. A experiência, com certeza, é importante. Mas não é tudo”, avalia.

Já a dra. Daniela Hilda Wegner Wolf escolheu o Direito como segunda formação e, depois de muitos anos de dedicação exclusiva à pedagogia, hoje ela encara os desafios de ser advogada. “A minha principal dificuldade é de conciliar a vida pessoal com o escritório”, argumenta a profissional, que é casada e mãe do Pedro, de seis anos.

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